sexta-feira, 9 de abril de 2010

Nice to meet you 2

Ela tinha o controle de sua própria vida. Ele tinha a vida controlada. Ela tinha a maturidade e a beleza da idade. Ele, nem muita maturidade, nem muita idade. Ela fazia o que queria. Ele queria poder fazer. Ela tinha ótimas idéias, ele também, mas não tão claras assim. Ela tinha a liberdade marcada na alma e no braço. Ele não tinha nenhuma.
E era justamente por isso que ela chamava tanto a sua atenção. Não sei se como objeto de desejo de ter ou de ser, e também por isso, para ela, ele era apenas engraçadinho. Mas ele tinha bem claro o porquê se encantara. E não era só pela posição que ela assumia ou o rosto bonito. Nem tão pouco a fartura corporal. O que ele gostava nela era o olhar peculiar, inconfundível. A simpatia encantadora, o jeito de andar e observar enquanto o fazia. A voz até um pouco estridente e com um sotaque estranho. A postura algumas horas mostrada diante da vida. A competência com que lhe ensinava.
É até clichê se encantar por alguém tão fácil de admirar, pois sem admiração não há encanto. Ele olhava pra ela de baixo pra cima, como se ela habitasse o Olimpo, e ele, a Terra, mas se encaminharia para lá um dia.
Além da posição forte que assumia em sua vida e na vida dele, as coincidências não paravam de surpreendê-lo. Além de todo o feeling e atração de cara, além de na primeira vez que ele a olhou ter certeza que já a conhecia, ela carregava consigo, bordado no corpo, todo o seu objetivo de vida: “L-I-B-E-R-D-A-D-E”.
Ele disse:
“Você é linda!”
Ela riu alto, abaixou a cabeça, lhe lançou um olhar meio de pena, meio de surpresa, quase lhe disse algumas palavras, mas desistiu. Olhou para ele com o tal olhar peculiar – mistura de inocência, sabedoria e sedução- virou as costas com um meio sorriso ainda no rosto e saiu. Afinal, o que poderia fazer ela? Afinal, como poderia deixar de fazer ele?
- “Te conheço de algum lugar?”, ele disse.
-“Não!”, ela respondeu.
Então, Carina ia deixando aos poucos a vida de Alberto, desaparecendo vagarosamente. O que era um encontro semanal marcado virou um encontro ocasional entre um cigarro e outro. Até que vê-la tornou-se questão de coincidências da vida, raridade... esperança.
Alberto se chateara mas aprendera: Algumas pessoas entram em sua vida por algum motivo, e também por um motivo, saem. E ficam o tempo que tem que ficar, e dura o tempo que tem de durar. Mesmo sem saber qual era o objetivo de Carina (ou Renata) ter entrado assim tão de repente na sua vida e rapidamente vira-la de ponta-cabeça, ele sabia que ela tinha cumprido sua missão e agora, partia.
Alberto seguiu sua vida adiante, com novas rotinas, nova amores, mas pensava consigo mesmo que, se um dia a encontrasse em um lugar propício, de uma maneira propícia, num tempo propício, a olharia nos olhos e diria:
-“Eu sei que você sempre soube”
E ela provavelmente responderia
“Eu sei que você sempre soube que eu sabia”
E daria mais um daqueles sorrisos, e só.

5 comentários:

Anônimo disse...

AMEI!

aninha prima disse...

gostei, Fralda...
começou meio Eduardo e Mônica e aí: seu final alternativo!!
keep writting! =*****

Anônimo disse...

Amei!
Tia Célia

Bárbara Lucatelli disse...

ADOOOOREI!

Laryssa Martins disse...

adorei.
ta escrevendo muito bem mesmo! :)
fico feliz!
parabéns, meu bem!
beijos,
lary