sábado, 7 de março de 2015

“Não me toque”, minha mais sincera declaração de amor



Sim, eu sou a típica garota não-me-toque. Literalmente. Mas não, não é “metidez”, como já ouvi muito, e nem é coisa de “gente de Brasília”, como já ouvi também. É jeito, criação, personalidade, sei lá. Eu não gosto que me toquem. É sério, se eu não te dei um óbvio convite e uma prévia autorização, não o faça, por favor! 

Esse meu jeitinho já me rendeu muito apelido de “marrenta”, mas nem sou.

Lá em casa nunca teve essa coisa de ficar se amando muito. Explico. Somos uma família tradicional mineira que se ama MUITO! Somos bastante unidos, todo mundo se dá super bem e todos sabem que podem contar com qualquer um a hora que precisar. E isso é simplesmente óbvio pra todos nós. Tão óbvio que a gente não sente essa necessidade de ficar se beijando, se abraçando ou ficar falando “eu te amo”. A gente já sabe disso.

Minha mãe sempre foi muito carinhosa. Mas tinha crises quando meu pai ensinava a gente a dormir recebendo carinho nas costas, por exemplo. “Não aguento essa pegação”, reclamava ela. Era carinhosa da forma dela, na hora dela e era o melhor carinho do mundo!

Claro, isso tudo me gerou alguns problemas durante a vida. Quando eu estava na quarta série uma professora de matemática resolveu que ia passar a mão no meu rosto por alguns minutos enquanto a turma estava fazendo exercícios. Eu estava sentada na primeira carteira. Fiquei branca. Minha pressão baixou, a vista escureceu e eu quase desmaiei. SIM, UMA ESTRANHA ME TOCANDO COM INTIMIDADE, SOCORRO!

Alguns anos depois, já pós-adolescente, com 18 anos, inventei de fazer teatro (coisa, aliás, que admiro muito, SÓ QUE: HÁ UM NÍVEL ENORME DE INTERAÇÃO COM PESSOAS ESTRANHAS, SOCORRO!). Eis que, em um dos aquecimentos, o grupo tinha de fazer uma roda e massagear uns aos outros. Sim, eu sempre passava mal. Tinha que pedir pra parar, pra sair e ficava no cantinho da sala me “auto-massageando” que nem uma idiota. A professora, então, sugeriu que eu pedisse a alguém com quem eu tivesse intimidade para fazer o mesmo e observar o que eu sentia. Fui pedir pra minha namorada da época. Obviamente a reação foi muito, muito boa.

Percebi, então, que não era exatamente um problema com o toque em si. O problema era com a falta de intimidade e consentimento.

Eu não sou uma pessoa pouco carinhosa, é sério. Quando namoro, quando fico com alguém, sou toda carinhos. Mas aquela pessoa está consentida, entende? Ela pode! Eu deixei! Eu quis! Eu desejei que ela me tocasse! E essa é a total diferença entre o prazer e o pavor de ser tocada.

Na balada, então, vocês podem imaginar o meu pânico dessas pessoas que precisam pegar na sua cintura pra passar por você... Pede licença, mas não encosta, por favor! Quer chegar em mim? Bacana, conversa comigo! Não vem me pegando. Ponto a menos pra você! Vamos com calma!

Aos meus amigos, então, venho pedir minhas sinceras desculpas. Alguns entendem, outros sabem desse “problema”, outros me acham seca. Mas gente, eu amo muito vocês, ta? Mesmo que seja muito difícil pra eu ficar falando isso. Eu não fico abraçando ninguém, eu não beijo ninguém, eu não faço carinho (às vezes dou uns cascudos e é carinho, juro!), MAS EU AMO VOCÊS! Hahahahahah! E eu sei que vocês sabem disso, não preciso ficar falando, né? Ufa!


Pela compreensão, obrigada! 

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