Sim, eu sou a típica garota não-me-toque. Literalmente.
Mas não, não é “metidez”, como já ouvi muito, e nem é coisa de “gente de
Brasília”, como já ouvi também. É jeito, criação, personalidade, sei lá. Eu não
gosto que me toquem. É sério, se eu não te dei um óbvio convite e uma prévia
autorização, não o faça, por favor!
Esse meu jeitinho já me rendeu muito apelido de “marrenta”,
mas nem sou.
Lá em casa nunca teve essa coisa de ficar se amando
muito. Explico. Somos uma família tradicional mineira que se ama MUITO! Somos
bastante unidos, todo mundo se dá super bem e todos sabem que podem contar com
qualquer um a hora que precisar. E isso é simplesmente óbvio pra todos nós. Tão
óbvio que a gente não sente essa necessidade de ficar se beijando, se abraçando
ou ficar falando “eu te amo”. A gente já sabe disso.
Minha mãe sempre foi muito carinhosa. Mas tinha crises
quando meu pai ensinava a gente a dormir recebendo carinho nas costas, por
exemplo. “Não aguento essa pegação”, reclamava ela. Era carinhosa da forma
dela, na hora dela e era o melhor carinho do mundo!
Claro, isso tudo me gerou alguns problemas durante a
vida. Quando eu estava na quarta série uma professora de matemática resolveu
que ia passar a mão no meu rosto por alguns minutos enquanto a turma estava
fazendo exercícios. Eu estava sentada na primeira carteira. Fiquei branca.
Minha pressão baixou, a vista escureceu e eu quase desmaiei. SIM, UMA ESTRANHA
ME TOCANDO COM INTIMIDADE, SOCORRO!
Alguns anos depois, já pós-adolescente, com 18 anos,
inventei de fazer teatro (coisa, aliás, que admiro muito, SÓ QUE: HÁ UM NÍVEL
ENORME DE INTERAÇÃO COM PESSOAS ESTRANHAS, SOCORRO!). Eis que, em um dos
aquecimentos, o grupo tinha de fazer uma roda e massagear uns aos outros. Sim,
eu sempre passava mal. Tinha que pedir pra parar, pra sair e ficava no cantinho
da sala me “auto-massageando” que nem uma idiota. A professora, então, sugeriu
que eu pedisse a alguém com quem eu tivesse intimidade para fazer o mesmo e
observar o que eu sentia. Fui pedir pra minha namorada da época. Obviamente a
reação foi muito, muito boa.
Percebi, então, que não era exatamente um problema com o
toque em si. O problema era com a falta de intimidade e consentimento.
Eu não sou uma pessoa pouco carinhosa, é sério. Quando
namoro, quando fico com alguém, sou toda carinhos. Mas aquela pessoa está consentida,
entende? Ela pode! Eu deixei! Eu quis! Eu desejei que ela me tocasse! E essa é
a total diferença entre o prazer e o pavor de ser tocada.
Na balada, então, vocês podem imaginar o meu pânico dessas
pessoas que precisam pegar na sua cintura pra passar por você... Pede licença,
mas não encosta, por favor! Quer chegar em mim? Bacana, conversa comigo! Não
vem me pegando. Ponto a menos pra você! Vamos com calma!
Aos meus amigos, então, venho pedir minhas sinceras
desculpas. Alguns entendem, outros sabem desse “problema”, outros me acham
seca. Mas gente, eu amo muito vocês, ta? Mesmo que seja muito difícil pra eu ficar
falando isso. Eu não fico abraçando ninguém, eu não beijo ninguém, eu não faço
carinho (às vezes dou uns cascudos e é carinho, juro!), MAS EU AMO VOCÊS! Hahahahahah!
E eu sei que vocês sabem disso, não preciso ficar falando, né? Ufa!
Pela compreensão, obrigada!
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